Democracia cordial

Cada dia me convenço mais de que a sociedade brasileira é doente. Trata-se de uma doença crônica de mais de 500 anos, cujos sintomas se mostram mais graves nos dias atuais.

Não vou nem mesmo citar os inúmeros preconceitos que ainda persistem em nosso país. (E é lamentável que muitas pessoas não tenham consciência ou vergonha de suas falhas morais nem se esforcem para vencê-las.)

É normal que haja opiniões políticas divergentes em todos os lugares – somente os néscios não sabem disso.

Mas agredir ou incitar a agressão (física ou apenas moral) de pessoas com opiniões diferentes; negar atendimento médico por motivos de divergência política; pedir que uma intervenção militar instaure uma ditadura; usar cargo público (eletivo ou não) e a máquina do Estado para assumir protagonismo e influir na opinião da sociedade; enfim, achar que os fins justificam os meios e assim agir; além de outras coisas, como apoiar condutas execráveis apenas para que se realizem seus desejos políticos – tudo isto é, para mim, demonstrações de que, como disse Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil:

“A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido.”

Parece que ainda o é. Infelizmente.

Santarém, PA, 14/4/2016.

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Autor: Júlio César Pedrosa

Santarém, Pará, Brasil.

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