O uso correto da pontuação em nossa língua tem sido um problema para muitas pessoas, principalmente quando se trata de vírgulas. Em se tratando do vocativo, então, a situação é ainda mais complicada, pois muita gente nem mesmo se dá conta da necessidade do uso de vírgula a acompanhar este elemento frasal. E a vírgula, aí, não é elemento decorativo, pois tem função: marcar a pausa, que sempre acompanha o vocativo.
Este cartaz é exemplo da incompreensão de muitos quanto ao uso e função da vírgula. Ficou à mostra no sítio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará – Fapespa (www.fapespa.pa.gov.br), órgão estadual paraense de fomento à pesquisa, como homenagem do Dia Internacional da Mulher.
As mulheres que visitaram a página nos últimos dias certamente agradecem, com sinceridade, a homenagem.
Mas onde foram parar as duas vírgulas que deveriam acompanhar – uma antes e outra depois – o vocativo mulheres, separando-o dos outros elementos da frase?
Talvez se tenham posto a correr, alarmadas com os altíssimos índices de violência doméstica e contra as mulheres no Brasil e no Pará.
Escrevi em 2012 um artigo sobre isto (o vocativo, of course), ainda disponível em Língua e Cultura (no Blogspot).
Resumindo-se a coisa, temos o seguinte:
- O vocativo deve vir sempre acompanhado de vírgula; esta é a marcação da pausa que acompanha o vocativo em todas as situações.
- Se a palavra em função de vocativo está no início da frase, a vírgula vem depois dela; se ela vem no fim da frase, a vírgula deve estar antes.
- No caso de que aqui tratamos, como temos a palavra vocativa – mulheres – no meio da frase ou oração, ela deve vir acompanhada de duas vírgulas, uma antes e outra depois, pois na entoação da frase há duas pausas, uma antes e outra depois da palavra mulheres.
Homenagem é coisa boa, todo mundo aprecia. Mas não nos esqueçamos da pontuação, inclusive a do vocativo.