Produto de exportação

O Brasil não para de diversificar sua economia e seu leque de exportações.
Abro um livro gringo, em inglês, sobre turismo no Brasil, e topo nele com vários termos do português brasileiro ali citados e erradamente escritos, com acentos onde não os deveria haver, por exemplo.
Muitas pessoas escrevem TAMBAQUI ou TATU com acento no I ou U porque não dominam as normas de ortografia (aí não há acento gráfico, pois se trata de palavras oxítonas terminadas em I ou U, como AQUI, ALI, BATI, CAQUI, MURUCI, JURITI, PARTI, JACU, URUBU, ITU, PERU, GUABIRU…).
Sabemos a causa, a complexa situação que leva a tais erros de escrita.
Mas encontrar palavras nossas com grafia errada num livro em outra língua mostra que o mais novo produto de exportação brasileiro é o erro ortográfico.

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Lollapalooza de velha

Não me importo com as crenças alheias. Religião é assunto pessoal, coisa própria de cada um, e ninguém deve intrometer-se nisso. Respeitem-se as pessoas e suas crenças e evitar-se-ão problemas. Cada macaco no seu galho, cada um no seu quadrado.
Foi o que pensei quando fiquei sabendo, hoje, que um conhecido humorista da TV foi criticado porque debochou da procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que ocorre anualmente em Belém do Pará há mais de 200 anos, chamando-a de “Lollapalooza de velha”.
Pensei também: “Esse cara está brincando com fogo, querendo ser cancelado”. Não sou favorável a nenhum tipo de censura, mas acho que alguns humoristas batem pesado e deveriam conter um pouco a língua para evitar problemas.
Mas logo depois vi que o humorista em questão é Murilo Couto, que é paraense, logo tem lugar de fala nativo e cativo para criticar e mangar à vontade de coisas do Pará. Ele sabe do que fala e o que faz.
Tudo em casa, então! Nada que não se resolva civilizadamente, roendo umas pupunhas e tomando um cafezinho ou suco de bacuri com bolo-podre. Ou não?
Seja como for, não nos intrometamos nessa contenda, que é assunto interno, “interna corporis” dos paraenses.
Sapo de fora não chia.

Santarém, Pará, 24/10/2021.
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#ciriodenazare #murilocouto

México lindo!

Num programa americano (dublado) exibido na TV por assinatura, faz-se referência à cidade mexicana de San Luis Potosí, capital do estado de mesmo nome.
Nada de extraordinário. Normal, aliás, pois o México habita os sonhos e os pesadelos dos ianques: criminosos “made in USA” vivem fugindo para o vizinho do sul, enquanto os guardas de fronteira mantêm a forma correndo atrás de imigrantes ilegais — não necessariamente mexicanos — que cruzam a mesma fronteira no sentido oposto.
O que me chamou a atenção foi a pronúncia do nome mexicano na dublagem: em vez de pronunciar o nome San Luis Potosí com uma pronúncia próxima do castelhano ou à brasileira, o dublador pronunciou… à inglesa, como se fosse um nome anglófono. Saiu algo como SÉN LÚI POTÔUSSI. Inacreditável!
Simplesmente o dublador repetiu ou imitou a pronúncia do ator no filme original, sem nem mesmo atentar para o ridículo que há nisso.
Por quê? O que explica isso? Incultura? Falta de informação? Não sei o que dizer.
O problema não se dá apenas na leitura de palavras estrangeiras ou de nossa língua nas dublagens de filmes, pois as traduções também são sofríveis.
Reflexos de uma combinação de fatores de nossos tempos.

Santarém, Pará, 24/10/2021.
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Homo brasiliensis

Eu antes me espantava, mas hoje apenas lamento que tantas pessoas, inclusive com curso superior, estejam perdendo a capacidade de identificar metáforas, alegorias e outras figuras de linguagem e interpretem tudo ao pé da letra, ou seja, literalmente.
Já não se podem dizer coisas como “matando cachorro a grito”, “subindo pelas paredes”, “de vento em popa”, “fulano com fome vira bicho”, que logo alguém critica a violência contra os caninos, avisa do perigo de escalar muros, aponta a Era das Navegações como uma desgraça da humanidade, diz que é preconceito contra os animais etc.
Se alguém, para destacar as idiossincrasias do povo brasileiro, refere-se a ele como “Homo brasiliensis”, não demora muito vem um especialista acadêmico, com grau no dedo e doutorado na parede, a dizer que “assim não pode, assim não dá, assim não é possível, pois os brasileiros não são um grupo com característicos que o constituam uma espécie a parte da humanidade”…
Jura?
No ritmo em que vamos, arribaremos sem muito tardar ao fim do mundo… ou da metáfora!

Santarém (PA), 21/10/2021.

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Prêmio merecido

Algumas pessoas têm tamanha autoestima e se acham tão competentes naquilo que fazem, que acham natural e de direito criticar um prêmio por não terem sido indicadas a ele. Não coram nem ficam constrangidas! 😱 Haja troféus para tanta gente que se acha merecedora deles!
Parece que isso virou moda, portanto não estarei fora do senso comum se criticar o Nobel de Literatura por ainda não me ter premiado. O que estão esperando?
Aliás, também não aceito não ter sido ainda eleito para a Academia Brasileira de Letras. Garanto que não faria feio ao colaborar com Evanildo Bechara no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
Fico aguardando o telegrama. 😉 E não se esqueçam da minha Caloi… digo, daquela parte chamada pecúnia!