Óinc! Óinc! Óinc!

(Foto: WordPress.)

Uma ex-patroa minha dizia que a classe dirigente tratava o povo brasileiro como porcos: quando a vara começava a grunhir, jogava-se para ela a lavagem, e a porcada comia, enchia o bucho e ficava quieta.

É evidente que as condições de vida da população brasileira melhoraram significativamente depois de 1988, mas não vejo perspectiva de que vão muito além disso: ao invés de reformas de base para transformar de vez e de fato a estrutura do País, acena-se ao povo com políticas paliativas que são apenas a velha lavagem com tempero diferente.

Rebanho suíno de barriga cheia e aconchegado ao chiqueiro, enquanto a oligarquia passa cada vez melhor.
Eis aí.

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Vida e arte

Numa boate cheia de gente, um DJ acende fogos de artifício no palco; faíscas se espalham, o fogo queima as cortinas e se espalha para as paredes e o teto, queimando tudo.

Pânico. Gritaria. Correria. Apenas uma saída estava livre, as outras estavam trancadas por ordem do dono; não havia extintores de incêndio, o revestimento antifogo estava irregular. Várias pessoas morrem asfixiadas, queimadas ou pisoteadas.

A história parece familiar? E é, mas não estou falando do incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013 em Santa Maria, RS.

Trata-se do enredo do episódio 22 da temporada 1 de CSI Miami, exibido em 2003, dez anos antes da tragédia da Kiss. Tirando-se algumas diferenças, é quase a mesma história de Santa Maria, e com certeza deve ter sido inspirada em outro incêndio parecido.

Vida e arte imitam uma à outra, inclusive nas tragédias, infelizmente.

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Pelo amor da Deusa!

O prefeito de Irajá da Leblona, Papai Duarte, viralizou nas redes sociais ao reagir à postagem também viral de uma aluna sobre o material escolar deste ano.

Papai Duarte, que é torcedor fanático do CRI (Clube de Regatas Irajaense), agradeceu à aluna e lhe enviou saudações regatianas.

A pergunta que faço: por que diabos um prefeito precisa fazer referência a time de futebol numa comunicação? Será que todos os pirajaenses são regatianos? E mesmo que o sejam, cabe tal alusão na manifestação de um prefeito ou de qualquer político?

Só faltou dizer: “Que a Mãe Asserá a abençoe!”

Todos sabem que o culto de Asserá (deusa também conhecida como Astarte, Astarteia ou Asterote) é a religião que mais cresce no Brasil. Segundo os assessores de sua campanha de reeleição, Papai ganhou alguns votos com seu comunicado por causa da grande torcida regatiana, a segunda maior do estado, mas poderia ter ganho outros mais se tivesse citado a Deusa.

Ele promete que não cometerá esse erro de novo. Vale tudo para continuar ocupando o melhor emprego do Brasil — segundo palavras do próprio Papai Duarte…

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A muralha

(Foto: WordPress.)

Numa realidade alternativa, a cidade de Jericó, capital de um pequeno estado cananeu, resistiu bravamente ao cerco a que foi submetida por um povo invasor vindo do deserto.
As trombetas do inimigo troaram ensurdecedoramente; o esturro dos cães de guerra gelou o sangue da população sitiada; uma magia desconhecida pareceu tornar o dia em noite e a noite em dia… mas suas muralhas não ruíram. Jericó não caiu.
Milênios após esses eventos, arqueólogos e historiadores chegaram a consenso em pelo menos uma coisa: os restos encontrados naquele sítio arqueológico demonstram que houve ali uma batalha longa, feroz, encarniçada, em que os jericoenses venceram um invasor cuja identidade até hoje é desconhecida.

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Arrebatamento

(Foto: WordPress.)

O melhor negócio no Brasil de hoje é abrir uma igreja, pois a isenção de tributos para as instituições religiosas só se amplia. Chegará o momento em que trabalharemos apenas para cobrir o rombo do orçamento nacional causado pela isenção de impostos das igrejas.
Isto parece inevitável.
E espero sinceramente que ocorra mesmo esse tal arrebatamento que os evangélicos estão esperando.
Será muito triste se, depois de uma vida inteira de oração, obedecendo ao pastor, lendo (somente) a Bíblia ( 🤔 ), privando-se de prazeres e pagando dízimo, os fiéis acabarem indo parar no mesmo lugar destinado às prostitutas, maconheiros, cachaceiros, LGBTs, jogadores de carteado e dominó, macumbeiros, leitores de Sade, fãs do Chico Buarque, padres, comunistas, professores, pornófilos, políticos, sibaritas, edonistas e outras figuras que os crentes julgam estar condenadas ao inferno…
Quem viver, verá.

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Barba, cabelo e bigode

(Créditos da imagem: Robbie Coltrane no papel de Hagrid, Warner Bros Pictures/Harry Potter.)

Certo biólogo diz que jamais cortará os cabelos nem tirará a barba porque “cabelos cortados e barba raspada deixam o homem com cara de coxinha”. Já outra intelectual, esta das humanidades, alude de forma jocosa a evento oficial do atual governo com a presença de “mauricinhos com cabelo penteado sem um fio fora do lugar”.

Hmmmm…

Parece que é assim que alguns pensam que convencerão os adversários políticos para diminuir a polarização que, dizem eles, assola o País. Vejam como vai dando certo…

Sempre me considerei de centro-esquerda. Mas, a julgar pela avaliação que se faz de gente com minha aparência, creio que os fenotipistas políticos me poriam ao lado dos camisas negras ou verdes dos anos 1930. Argh!

(E o horroroso Plínio Salgado tinha até bigode…)

Lembro-me de ter visto um documentário em que um dos entrevistados, italiano adepto da contracultura dos anos 1960, conta sua viagem com alguns “compagnons de route” à Albânia para conhecer o socialismo real. Assim que passaram pelo posto de guarda, os admiradores do regime de Enver Hoxha foram obrigados a cortar os cabelos e raspar a barba, pois, conforme a ideologia em vigor na Albânia de então, cabelos compridos e barba eram coisa de burguês.

E os pobres coitados achando que seus cabelos longos e ideias curtas estremeciam as bases do capitalismo!

Enquanto alguns pensam que podem mudar o mundo deixando a barba crescer e aposentando o pente, a extrema direita se recupera e afia a navalha para fazer serviço completo.

Deixemos de perder tempo com barba, cabelo e bigode e cuidemos de proteger o pescoço.

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