Negacionismo científico?

Olhe, veja bem… 🤔😱😂🤣😂
Agora que o novo coronavírus já é bem conhecido, há várias vacinas disponíveis e a Covid-19 está sob controle… podemos menosprezar, criticar, xingar, detonar, atacar à vontade a pérfida ciência “ocidental” (ou “dos brancos”) e os cientistas.
Afinal, esses cientistas arrogantes têm a pachorra de usar o método científico para dizer o que é e o que não é ciência.
Basta! A pandemia acabou-se, e com ela o reinado dos cientistas e divulgadores da ciência. As coisas já vão voltando ao normal.
Acaba de ser regulamentada a ozonioterapia, e o povo já começa a cancelar cientistas que ousam criticar práticas pseudocientíficas e “tradicionais”.
Como se atrevem eles a dizer que é ineficaz a dieta de corte de carne, queima de gordura e ingestão de líquidos (ou seja, churrasco com cerveja) para emagrecimento?
O negacionismo está liberado, pois… mas só até a próxima pandemia. Quando ela vier, veremos o que fazer.

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A Peste [Albert Camus]

“Do morro escuro subiram os primeiros foguetes dos festejos oficiais. A cidade saudou-os com uma longa e surda exclamação. Cottard, Tarrou, aqueles e aquela que Rieux tinha amado e perdido, todos, mortos ou culpados, estavam esquecidos. O velho tinha razão, os homens eram sempre os mesmos. Mas essa era a sua força e a sua inocência, e era aqui que Rieux, acima de toda a dor, sentia que se juntava a eles. Em meio aos gritos que redobravam de força e de duração, que repercutiam longamente junto do terraço, à medida que as chuvas multicores se elevavam mais numerosas no céu, o Dr. Rieux decidiu, então, redigir esta narrativa, que termina aqui, para não ser daqueles que se calam, para depor a favor dessas vítimas da peste, para deixar ao menos uma lembrança da injustiça e da violência que lhes tinham sido feitas e para dizer simplesmente o que se aprende no meio dos flagelos: que há nos homens mais coisas a admirar que coisas a desprezar.
“Mas ele sabia, porém, que esta crônica não podia ser a da vitória definitiva. Podia, apenas, ser o testemunho do que tinha sido necessário realizar e que, sem dúvida, deveriam realizar ainda, contra o terror e a sua arma infatigável, a despeito das feridas pessoais, todos os homens que, não podendo ser santos e recusando-se a admitir os flagelos, se esforçam no entanto por ser médicos.
“Na verdade, ao ouvir os gritos de alegria que vinham da cidade, Rieux lembrava-se de que essa alegria estava sempre ameaçada. Porque ele sabia o que essa multidão eufórica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada. E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para desgraça e ensinamento dos homens, a peste acordaria os seus ratos e os mandaria morrer numa cidade feliz.”

Trecho final de A PESTE (La Peste) de Albert Camus. Tradução de Valerie Rumjanek. 23. ed. Rio de Janeiro: Record, 2017.

Terminei de lê-lo na madrugada de 18 para 19 de março de 2022, mais de dois anos após o início da pandemia do novo coronavírus; completando dois anos de (semi)quarentena e trabalho domiciliar, saindo de casa apenas quando extremamente necessário e tendo incorporado a máscara como acessório indispensável. E em preparação para o retorno ao trabalho presencial.
Que leitura funesta para tempos de pandemia de covid-19! — dirão alguns. E coincidindo com o fim da pandemia… — dirão outros.
Fim da pandemia? Chegamos mesmo ao fim da peste? A julgar pelas estatísticas diárias…
E, afinal, de que peste estamos mesmo falando?

Santarém, Pará, 24/10/2021.
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Lição vulcana

Dr. Spock interpretado por Leonard Nimoy (1931-2015)

Será que a humanidade sairá desta pandemia de covid-19 com algum aprendizado que melhore nossa vida em comunidade? Uns dizem que sim, outros que não…
Estou há 15 meses trabalhando em casa. Só saio à rua para cuidar do que é imprescindível: víveres, remédios, médico, correio, cartório, banco…
Passeio, boteco, balada, lanche, praça, praia? Nada!
(Enquanto isso, há gente que parece levar a vida quase como era antes. Os trabalhadores que precisam sair de casa diariamente eu compreendo e respeito plenamente, nem os posso criticar, mas em outros casos…)
Saindo de casa, às vezes topo com alguma pessoa que, quando não me estica a mão para cumprimentar, achega-me o punho para o soquinho. Eu, por cortesia, cedo ao cumprimento, e logo pego meu dispensador* de bolso de álcool em gel.
Caramba y carambita!** Será que esse povo, em plena pandemia de um vírus tão contagioso, precisa insistir em contato físico? Parece-lhes irresistível! É difícil ficar a dois metros de distância e dizer “Oi!”, “Olá!”, “E aí?”, “Salve!”, “Saudações!”, “Saúde!” ou outra coisa qualquer? E não é por falta de cumprimentos, pois nossa língua dispõe de vários deles, sem falar nos xenismos: “Hi!”, “¡Hola!”, Ça va?”…
Por que não adotar a saudação vulcana? Basta levantar a mão espalmada na vertical, com os dedos na posição característica, e dizer “Vida longa e próspera!” Fascinante!
Mas talvez eles tenham medo de ser acusados de apropriação cultural, pois eu não sou vulcano, e não tenho visto nenhum deles por aí. Mesmo com as máscaras, aquelas sobrancelhas arqueadas e aquelas orelhas são inconfundíveis!
Vocês já devem ter percebido que não sou um cara legal… É, não sou bonzinho. Por isso, se eu pudesse dar-lhes um conselho, diria: “Se me virem por aí, fujam de mim!”

* Sou humilde e uso a forma portuguesa mesmo. “Dispenser” é para os fortes.
** Leitores de Zagor entenderão.

Rupia ou rúpia?

https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario

Com as notícias sobre a vacina indiana Covaxin, é certo que muita gente tem a mesma dúvida: a moeda indiana é RUPIA ou RÚPIA?
De acordo com os dicionários, ambas as palavras são corretas, mas…
RUPIA (palavra paroxítona: ru-pí-a) é o nome da unidade monetária usada na Índia, Paquistão, Nepal, Indonésia e outros países. É também nome de um tipo de ulceração de pele.
Já RÚPIA (proparoxítona: rú-pi-a), do latim “Ruppia”, é o nome de um gênero de plantas da família da rupiáceas.
Corretas, pois, mas cada uma com seu uso, e com origens diferentes: hindi, grego e latim.

#Covaxin, #rupia, #coronavirus, #Covid-19

Quarentena: Edward Hopper

Nesta crise causada pelo novo coronavírus, muitos de nós talvez se sintam trancados em quarentena dentro de um quadro de Edward Hopper… 😱

https://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Hoppe

(Montagem: autor desconhecido.)

Controle de natalidade

Creio que os anos de 2020 e 2021 terão as mais baixas taxas de natalidade dos últimos tempos.
Acho que esse coronavírus está pondo abaixo a libido de muita gente, e aqueles a quem ainda resta alguma talvez tenham dificuldade de encontrar quem lhes corresponda ao tesão… ou tenha coragem de chegar perto!

#Coronavirus