Santarenices

BEMERGUY, Emir Hermes. Santarenices: coisas de Santarém. Apresentações de Lila Bemerguy, José Seixas Lourenço e Cristovam Sena. Santarém (PA): Instituto Cultural Boanerges Sena, 2010. 23 cm. 294 p.

Coletânea de artigos de Emir H. Bemerguy (1933-2012) publicados em jornais de Belém e Santarém do Pará e acrescidos de escritos inéditos.

Nascido em Fordlândia (distrito do município paraense de Aveiro), formado em odontologia e também professor respeitado, o autor viveu a maior parte de sua vida em Santarém, também no Pará, onde produziu vasta obra em verso e prosa e se tornou um dos principais nomes da literatura santarena do século XX e início do XXI.

Os artigos reunidos nesta obra distribuem-se por um período de mais de 40 anos, abrangendo assuntos os mais variados, de política a ecologia, passando por literatura, história, esportes e religião, além de pequenas biografias de personagens célebres de Santarém que foram seus contemporâneos.

Leitura obrigatória para quem deseja conhecer a história e cultura de Santarém, principalmente o que ocorreu e se fez nas últimas décadas.

Opinião:

“Santarém, evidentemente, oferece um espetáculo natural de características peculiares e atrativos culturais que todos podem ver e sentir. Mas há coisas das ‘santarenices’ que só a acuidade e o texto poético de Emir Bemerguy podem traduzir” (José Seixas Lourenço, ex-reitor da UFPA e da Ufopa, p. I).

Excerto:

“COCHICHO INAUGURAL

“Este livro estava pronto desde 1975, à espera de um milagre para ser publicado. Tenho mais umas vinte obras diversas, dormindo em gavetas e apreciadas somente por cupins analfabetos.

“O prodígio da edição fácil aconteceu através de meu grande amigo Cristovam Sena, que resolveu, espontaneamente, conseguir patrocinadores, digitar e concluir o trabalho. Só assim os meus textos insossos ficariam perenizados em um volume decente.

“Tive que recorrer a um neologismo, inventado na hora, para dar um título a este livro. Como já criara um outro – ‘SANTARENIDADE’ – objetivando expressar o estado d’alma que marca o mocorongo legítimo, o nato ou de arribação – julguei-me com o direito de partir para um novo atrevimento semântico.

“‘SANTARENICES’ – coisas de Santarém. Uma espécie de sótão da casa velha, onde há lugar para tudo. Apenas para situar bem a época em que escrevo, incluí no volume uma apreciação sobre a cidade, agora. É a crônica denominada ‘Santarém… Ontem… Hoje… Amanhã…’ Achei bom agir assim, pois dentro de uma ou duas décadas isto aqui não poderá ser lido com total indiferença: ou se zombará de tudo, por ser anacrônico, bolorento, ou se enxugarão lágrimas que a saudade, mansamente, há de semear pelos olhos, colhendo-as no coração.

“Era este o cochicho inaugural. Podemos falar mais alto.

“Santarém, fevereiro de 2010” (p. 7)

Mais do/sobre o autor no blogue http://bemerguyemir.blogspot.com.br.

Texto publicado originalmente no Orelha de Livro: http://www.orelhadelivro.com.br/livros/696054/santarenices-coisas-de-santarem/.

Santarém, PA, 19/01/2017. Leia e curta também no Blogspot.

Autor: Júlio César Pedrosa

Santarém, Pará, Brasil.

Deixe um comentário